Ferro em arte e o mar de Godard
Eu tive uma estranha inspiração em Godard quando pensei na arte do filme Prazer, Casa 08. Talvez porque as filmagens envolvessem como cenários a praia em externas, e o estúdio e um palco de teatro para os depoimentos e performances artísticas. Neste texto escreverei sobre a arte do estúdio.
Pensei em um cenário neutro mas com um toque de prata. Estátuas e máscaras me interessavam. Encontrei um artesão que fabricava peças em ferro, e as vendia em uma barraca de feira hippie. Eu me encantei com as formas e passei a bater ponto e a negociar uma por uma, peça por peça. No cenário, como elemento de referência, apenas uma poltrona rosa que eu já tinha em casa.
A cor em um tom de azul estava bem cotada para o equilíbrio das paredes do estúdio. Encomendei um jogo de 3 Tabelas na cor cinza feitas especialmente por um carpinteiro/artesão para acomodar as estátuas escolhidas. O resultado ficou de acordo com o pretendido por um preço bem maneiro.
O mais importante em um filme documentário é receber com simplicidade e conforto o convidado depoente, ainda mais tendo a sexualidade e o prazer como tema. Tudo foi pensado para que este cenário fosse amoroso e acolhedor, mesmo com a parafernália de equipamentos de um set de cinema.
E assim foi: a partir da referência de uma poltrona rosa, foi criado um lugar mágico, que sustentou tantos segredos e corações. Se fazer cinema é um desafio, criar arte em um filme independente é um desafio maior ainda. Haja criatividade.